Temas relevantes para o SUS são debatidos na 7ª Assembleia do Conass em 2024

Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi a primeira pauta da 7ª Assembleia do Conass em 2024, nesta quarta-feira (28). Com a presença dos secretários estaduais de saúde, a presidente da Rede Brasil AVC e da Organização Mundial de AVC, a neurologista Sheila Cristina Ouriques Martins, falou sobre a Linha de Cuidado do AVC e perspectivas futuras.

Segundo ela, o AVC é uma das principais causas de morte no Brasil, com 400 mil casos por ano. Sheila destacou que controlar os fatores de risco, como a hipertensão, o diabetes, o colesterol elevado, o sedentarismo, entre outros fatores, é fundamental para diminuir os riscos. “É possível prevenir até 90% dos casos de AVC se os fatores de risco forem controlados, como ter um estilo de vida saudável, buscarmos assistência médica adequada, podemos diminuir significativamente o impacto do AVC em nossa sociedade”, disse.

A presidente destacou a importância dos estados trabalharem para controlar o acidente vascular e do trabalho feito com o Hospital Central do Espírito Santos, que se tornou a maior referência estadual no tratamento do acidente vascular cerebral no Sistema Único de Saúde (SUS). “É um hospital que oferece tratamentos comprovadamente eficazes, incluindo a trombectomia mecânica, que é um procedimento cirúrgico com o objetivo de desobstruir e restaurar o fluxo sanguíneo arterial cerebral”, disse.

O secretário de saúde do Espírito Santo (ES), Miguel Paulo Duarte, ressaltou, também, que a trombectomia mecânica é realizada em apenas seis hospitais públicos do Brasil. Além disso, o secretário falou do atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que foi essencial para diminuir o número de mortes no estado. “O Samu tem base em todos os municípios do ES para auxiliar nos atendimentos de AVC e levar para o Hospital Central. Com isso, tivemos uma queda de mortalidade após esses atendimentos”, destacou.

Parceria Conass com Synergos

Para trabalhar e valorizar os profissionais de saúde, promovendo diálogo sobre política de gestão de pessoas, o Conass, o Instituto Synergos e a Fundação Getúlio Vargas, fizeram uma parceria para aprofundar as questões de saúde mental e resiliência com profissionais de Saúde. “Fizemos uma parceria com o objetivo de fortalecer os profissionais de saúde, promovendo diálogo sobre política de diversidade, equidade e inclusão, de enfrentamento a assédio moral e sexual, discriminação e efeitos nas mudanças climáticas no SUS”, disse Haroldo Pontes, assessor técnico do Conass.

Silvia Morais, diretora do Synergos no Brasil, contou que a parceria visa contribuir com o fortalecimento e valorização dos profissionais, que são essenciais para a qualidade do atendimento em saúde da população brasileira. “Entendemos que a saúde mental dos profissionais não depende apenas de ações individuais, mas de todo um sistema organizado de forma a promover melhores condições de trabalho”, disse.

Para Ana Maria Malik, diretora adjunta do Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde (PROAHSA), da Fundação Getúlio Vargas, apoiar as secretarias de saúde na formação de seus gestores de trabalho será essencial para um ambiente mais favorável. “Vamos trabalhar na formação dos gestores de trabalho e educação com um programa de desenvolvimento de líderes para ficarem melhores preparados para gerenciar ambientes com mais dialógicos e colaborativos”, disse.

O Instituto Synergos é uma organização internacional com uma rede de especialistas que trabalha na construção de relações de confiança entre lideranças que buscam a solução de problemas sociais.

Lições para a melhoria de valor em sistemas de saúde

“As pessoas precisam saber do papel do Conass e a importância do Conselho para o sistema de saúde. Tivemos um protagonismo na pandemia e isso se repercute até hoje”, disse o presidente do Conass, durante a apresentação do pesquisador, João Pedro Caleiro, da Fundação Lemann, que apresentou um programa de pesquisa comparativa independente da Blavatnik School of Government da Universidade de Oxford, criado em 2021.

“O objetivo da Fundação é a melhoria do setor público do Brasil e países comparáveis, através da criação e disseminação de conhecimento e troca de experiências. O intuito é entender o que o Brasil pode aprender com outros países e o que outros países podem aprender com o Brasil”, disse Pedro.

Pedro mostrou o protagonismo dos estados para a reconstrução pós COVID-19 e falou do relatório, que sairá em breve, sobre a experiência dos estados brasileiros no combate à pandemia e as repercussões da COVID-19.

Além disso, destacou a oficina“Regionalizar e Fortalecer o SUS”, que aconteceu no Rio de Janeiro sobre regionalização, com a presença de representantes do Conselho, dos secretários estaduais e municipais e de especialistas no tema.

Termo de cooperação entre Mato Grosso do Sul e Distrito Federal 

Lucilene Florêncio, secretária de saúde do Distrito Federal, e a subsecretária de saúde de Mato Grosso do Sul, Christinne Maymone, assinaram um termo de cooperação, para fortalecer suas capacidades na elaboração de soluções digitais para a saúde. Um acordo que se baseia na permuta, desenvolvimento e compartilhamento de tecnologias e conhecimentos, alinhados estrategicamente para beneficiar os cidadãos e melhorar a gestão pública em saúde.

Após a assinatura do termo, o assessor técnico do Conass, Nereu Henrique Mansano, falou sobre a situação da Mpox no Brasil e no mundo, especialmente em países africanos, onde é considerada endêmica na África Central e na África Ocidental. Destacou os desafios de prevenção e controle do vírus.

Aplicativo

Ao final da reunião, o aplicativo do Conass que está de cara nova foi apresentado. Mais moderno e de fácil navegação, a nova versão do app permite uma experiência mais intuitiva, inteligente e rápida, com conteúdos disponibilizados de maneira estratégica para serem acessados com menos cliques.

Confira na nossa biblioteca digital e compartilhe: https://www.conass.org.br/biblioteca/cancer-desafios-atuais-e-futuros/

Fórum de Debates sobre a Reforma Tributária e Impactos na Saúde  

Elton Melo, Luiz Carlos Hauly, Hisham Hamida, Mauro Benevides, Socorro Gross e Fábio Baccheretti

Na manhã desta quarta-feira, os secretários participaram do Fórum de Debates Sobre Reforma Tributária e Impactos na Saúde, promovido pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS).

O evento reuniu autoridades para discutir e analisar as principais propostas de regulamentação da Reforma Tributária no Brasil e compreender suas implicações econômicas, sociais e jurídicas.  

Fábio Baccheretti, presidente do Conass, ressaltou que debater as implicações que a Reforma Tributária tem na saúde é imprescindível para os gestores estaduais de saúde, pois segundo ele, apesar do investimento em saúde no Brasil ser próximo ao de países desenvolvidos e/ou que tenham sistemas de saúde universais, mais da metade deste investimento está na saúde suplementar. “É preciso esclarecer que o setor privado faz basicamente atendimento de especialidades e hospitalar, enquanto o Sistema Único de Saúde (SUS), faz vigilância, vacinas, concede alvarás sanitários, constrói hospitais, realiza consultas etc. O SUS é muito mais amplo, mas nossos recursos são muito menores do que o daqueles que fazem apenas uma pequena parte diante de tanto que fazemos na saúde publica”, enfatizou.

Durante a abertura do evento, Hisham Hamida, presidente do Conasems, afirmou que é preciso discutir a Reforma Tributária levando em consideração a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro, a fim de garantir os princípios estabelecidos no SUS. Para isso, afirmou que o debate precisa ser ampliado para outras áreas, pois a falta de intervenções em outras setores, impactam diretamente na saúde. “Precisamos olhar além e precisamos refletir qual SUS queremos para o futuro”, disse citando o exemplo de como a falta de saneamento básico acarreta no aumento de arboviroses, como dengue e chikungunya.

Para a representante da Opas/OMS no Brasil, Socorro Gross, é importante abordar o tema, pois quando se fala em Reforma Tributária, se fala em mudanças estruturais muito importantes para o País, daí a relevância do debate. “Estamos falando em um movimento que pode trazer prosperidade, crescimento econômico, mas especialmente mudanças nas desigualdades que temos no Brasil e esta reforma abrange todas as políticas públicas”, disse.

Secretários Estaduais de Saúde participam do Fórum de Debates sobre Reforma Tributária e Impactos na Saúde

O secretário executivo adjunto do Ministério da Saúde, Elton Melo, disse que existe otimismo em relação ao que já foi aprovado na Reforma Tributária, apesar do consenso nacional acerca do subfinanciamento do SUS.

Segundo ele, apesar do desejo de que os recursos, no bojo da reforma, viessem acima do piso, ainda assim, ao olhar para o contexto do que já foi aprovado, é possível observar que haverá impactos positivos para a população. “A tributação dos itens que fazem mal à saúde, o fortalecimento do complexo econômico industrial a partir das desonerações que já estão previstas e o efeito redistributivo das receitas tributárias nos municípios criam um ambiente de otimismo para nós”, observou.

Os deputados federais Mauro Benevides Filho (PDT-CE) e Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) destacaram a importância do debate sobre os impactos da reforma na saúde e observaram que, o objetivo maior da reforma tributária é simplificar a estrutura da legislação tributária brasileira.

O Fórum contou com a participação de especialistas de vários setores do governo, da saúde e da academia.

📸: Acesse aqui as fotos da reunião.

Assessoria de Comunicação do Conass