Fortalecimento da legislação antifumo é apontada como principal razão para melhora do cenário
No Brasil, de 2008 para 2019, 28 milhões a mais de pessoas estavam protegidas do fumo passivo dentro de casa. A conclusão do INCA está no artigo Desnormalização do tabaco em casa: a contribuição da proibição de fumar em ambientes fechados no Brasil. O estudo analisou dados de levantamentos nacionais, realizados nos anos de 2008, 2013 e 2019.
Os pesquisadores do INCA observaram que, independentemente do ano de análise, pessoas que trabalhavam em ambientes fechados livres de fumo apresentaram também maior percentual de proteção ao tabagismo passivo dentro dos seus lares, em comparação com indivíduos empregados em lugares nos quais a exposição à fumaça ambiental de produtos derivados de tabaco ainda ocorria.
“É provável que o fortalecimento da legislação antifumo no Brasil esteja associado à redução no tabagismo passivo nos domicílios. São mudanças importantes de normas de conduta nesses ambientes específicos que trazem benefícios para a sociedade, podendo, e devendo, se estender para a proteção ao meio ambiente como um todo”, explica um dos autores da pesquisa, André Szklo, da Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA.
A fumaça do tabaco contém mais de 7 mil substâncias químicas e, no mínimo, 69 delas provocam câncer. A exposição involuntária de adultos por longos períodos a esses compostos pode ocasionar desde reações alérgicas em curto prazo, até infarto agudo do miocárdio, câncer do pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica. As estimativas atuais sugerem que, no Brasil, das cerca de 162 mil pessoas que morrem anualmente por conta do tabagismo, aproximadamente 19 mil são vítimas do fumo passivo.
“É muito importante constatar que uma lei que protege a saúde de pessoas que convivem em um meio ambiente pode influenciar o seu comportamento em seu ambiente familiar. Isso acontece porque aumenta a conscientização sobre os riscos para a saúde, o que leva à reflexão de que esse comportamento de proteção poderia ser levado para os familiares no ambiente doméstico”, enfatiza a coordenadora de Prevenção e Vigilância do INCA, a médica epidemiologista Liz Maria de Almeida.
“São medidas que estimulam a cessação do tabagismo e contribuem para diminuir o número de fumantes na população e, consequentemente, a quantidade de futuros adoecimentos por enfermidades relacionadas ao uso do tabaco ou à exposição à fumaça do tabaco como câncer de pulmão, infarto e derrame, por exemplo”, explica ela.
O artigo está publicado na Revista Cadernos de Saúde Pública (CSP), da Fundação Oswaldo Cruz.
—
Fonte: INCA