As emergências em saúde têm acontecido em intervalos de tempo cada vez menores e a tomada de decisão em tempo oportuno para atender às demandas advindas dessas situações, já é uma realidade frequente na vida dos gestores públicos.
Para auxiliá-los, a ciência de dados e a informática aplicadas à saúde são fundamentais. Capacitar os profissionais da área, provendo-os de conhecimentos e atualizações que possibilitem fortalecer a capacidade da gestão e análise de grandes volumes de dados, mais do que uma necessidade urgente, é uma prioridade para o Conass que participou, em Lima, no Peru, de um programa de capacitação para líderes atuais e futuros em saúde pública, o IDASH (Informatic and Data Science for Health).
Criado pela Universidade de Washington I-TECH, em colaboração com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o programa tem como objetivo fortalecer a capacidade regional de usar os dados de saúde pública e os sistemas de informação para melhorar os resultados de saúde em nível populacional, detectar e responder com eficácia às ameaças à saúde pública e promover a igualdade aos serviços de saúde.
Esta é a primeira vez que o programa acontece na região das Américas e, além do Brasil, também participam Colômbia, Peru, Equador e Paraguai.
Sandro Terabe, gerente do Centro de Inteligência Estratégica para a Gestão Estadual do SUS (Cieges/Conass), foi convidado pelo Ministério da Saúde para fazer parte da delegação brasileira. Ele explicou que o Brasil é o único país que tem a representação da gestão estadual no programa. “Pelo tamanho do nosso País, o ministério solicitou a participação dos estados e nos convidou para coordenar esse processo estadual”, destacou.
Terabe explicou que houve critérios para a escolha dos estados e disse que Rio de Janeiro, Pernambuco e Distrito Federal foram os escolhidos, uma vez que foram as primeiras unidades federativas a implementarem os seus centros de inteligência.
Segundo ele, o envio de representação estadual neste processo tem como objetivo a formação de referências nacionais para análise e utilização de dados. “Essa é a base do programa. A proposta é criar projetos nacionais para qualificar o processo de tomada de decisão a partir de dados”, explicou.
Esta foi a primeira fase do curso que terá duração de um ano. Nesta etapa, o grupo formado pelo Conass e pelos estados, apresentou um projeto que consiste na organização para a visualização dos dados dos pontos de vista operacional, tático e estratégico para facilitar a tomada de decisão na saúde. “É importante ressaltar que esse projeto visa apoiar não só esses três estados, mas toda a Rede Cieges, além de servir como referência para os outros países”, enfatizou Sandro.
De acordo com ele, a proposta apresentada pelo grupo foi a única que abordou o tema da gestão, uma vez que as demais se concentraram apenas em temas mais específicos, como arboviroses, por exemplo.
Outro ponto de destaque, ainda de acordo com Sandro, foi o reconhecimento, por parte dos demais países, da importância da gestão tripartite do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Sandro, eles conseguiram enxergar como o Brasil trabalha dentro da lógica tripartite, centralizado em uma política coordenada pelo Ministério da Saúde. “Eles conseguiram ver a importância da participação dos estados e municípios para a construção das políticas públicas.
Participação dos Estados
Para o representante do Cieges no Distrito Federal, Bruno Nobrega, o evento proporcionou conhecimentos essenciais em padronização, alinhamento de processos de negócio, tratamento e visualização de dados. “Nós fizemos estudos de caso aplicados à saúde pública, o que proporcionou planos de ação para identificar surtos de doenças e subsidiar a alta gestão com informações precisas para tomadas de decisão assertivas”, disse.
Segundo ele, com a implementação prática dos projetos desenvolvidos no curso, especialmente aqueles integrados ao Info Saúde da SES/DF, será possível alcançar uma melhoria significativa na qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população do Distrito Federal. “O legado do Programa IDASH transcende o aprendizado individual dos participantes, impactando diretamente a capacidade dos sistemas de saúde de responderem aos desafios globais de forma mais informada e eficaz”, concluiu.
A troca com profissionais de diferentes países e de diferentes áreas de atuação foi o ponto alto do encontro para a representante do Cieges de Pernambuco, Polyana Olegário. “Essa interação possibilita ter uma visão muito mais ampla da saúde. Já estou em contato com outros estados para compartilharmos cases de transformação de dados e assim, fazer com que Pernambuco avance ainda mais nessa temática”, destacou.
Já para a representante do Cieges do Rio de Janeiro, Luciane Velasquez, o programa é uma oportunidade de compartilhar com os demais países uma metodologia de construção dos Centros de Inteligência da Gestão Estadual do SUS, promovida pelo Conass e que, segundo ela, é de suma importância, pois sistematiza os processos de construção de informação para tomada de decisão no nível estratégico, tático e operacional. “Participar deste curso, como um dos estados com CIEGES já implantado, nos orgulha muito. Nós aprendemos muito com o Conass para a implementação do nosso centro e agora estamos disponíveis para mostrar o nosso exemplo para outros estados e países”, comemorou.
O IDASH será realizado de maneira presencial e virtual, com oportunidades de aplicação prática de aprendizagem. As aulas presenciais são realizadas em três momentos ao longo do programa, totalizando cinco semanas, com atividades de aprendizagem estruturadas nos intervalos entre o ensino presencial. O programa enfatiza a aprendizagem aplicada por meio de estudos de caso e projetos aplicados às prioridades de cada governo, proporcionando 2 oportunidades para aplicar conceitos práticos e incentivando também o networking por meio de comunidades virtuais de prática.
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Assessoria de Comunicação do Conass