Brasília – Em passagem pelo Brasil, o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), Jarbas Barbosa, participou nesta quinta-feira (06), de uma reunião com Conass e a Umane para debater o fortalecimento da parceria entre as instituições para a expansão, qualificação e fortalecimento do projeto de Planificação da Atenção à Saúde (PAS) no Brasil.
Ao classificar o Sistema Único de Saúde (SUS), como um sistema complexo com várias características desafiadoras, Barbosa afirmou que o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS), vai ao encontro das prioridades da Opas e por isso mesmo, a cooperação entre as instituições deve ser contínua e aprimorada.
Maria José Evangelista, assessora técnica do Conass, contextualizou a situação da PAS no Brasil. “Estre projeto é um instrumento de planejamento, de integração e de gestão da atenção primária com a atenção ambulatorial especializada e com a atenção hospitalar. É um instrumento de organização da rede de atenção onde a nossa principal atividade é qualificar a APS para que ela seja mais resolutiva e para que esta integração entre os diferentes níveis, de fato, aconteça”, explicou.
A Planificação da Atenção Primária, em parceria com os hospitais Israelita Albert Einstein e Beneficência Portuguesa, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde (Proadi-SUS), está presente em 20 estados brasileiros, contemplando 166 Regiões de Saúde, 1.783 municípios e mais de nove mil Unidades Básicas de Saúde envolvidas. Uma das principais linhas de atuação é a materno-infantil, mas o projeto engloba também as doenças crônicas, pessoa idosa, segurança do paciente e cuidados paliativos. No entanto, chegar às 119 Macrorregiões do País ainda é um desafio para as instituições.
Para atingir este objetivo, a expansão do projeto de planificação entre Conass, Opas e Umane é fundamental, como explicou a assessora técnica do Conselho. “Nosso objetivo principal é fazer, em uma Macrorregião, uma rede que acolha todas as linhas de cuidado e que inclua também algumas outras as competências, como transporte sanitário, laboratórios etc.”, destacou.
Este laboratório está iniciando as atividades na Macrorregião III – Sertão de Pernambuco, que engloba as regiões de Arcoverde, Serra Talhada e Afogados do Ingazeira. Em maio deste ano, a PAS foi lançada em Arcoverde e contou com a presença da governadora do Estado, Raquel Lyra.
Este apoio governamental, inclusive, foi um dos pontos citados pelo secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso, como um requisito fundamental para que os objetivos estabelecidos sejam alcançados. “Precisamos ter a compreensão de que a alta governança deve estar envolvida neste processo, pois os governadores precisam liderar as suas equipes técnicas para que elas estejam inseridas nestas atividades”, disse.
A representante da Opas no Brasil, Socorro Gross, chamou a atenção para a necessidade de que o país avance na Regionalização e afirmou que a expansão da planificação é um dos primeiros passos neste sentido. “Para nós este projeto é prioridade e a articulação do planejamento com as macrorregiões é fundamental para os avanços da Regionalização. Vamos continuar fortalecendo este projeto e seguindo com essa construção conjunta entre nós”.’
Já a superintendente geral da Umane, Thais Junqueira, reafirmou o compromisso da instituição em proporcionar uma atenção primária mais integrada, eficiente e resolutiva, se organizando de fato, como a ordenadora do SUS. “Essa parceria é um caminho crucial para continuarmos dando a nossa contribuição às políticas públicas no Brasil”, ressaltou.
Jarbas Barbosa declarou apoio à Planificação, enalteceu a parceria da Umane e lamentou ainda ser pouca a participação de setores filantrópicos na saúde, especialmente na América latina e Caribe. “Tenho me esforçado junto a vários governos que fazem parte do fundo pandêmico para chamar a atenção para esses países”, pontuou.
O diretor da Opas enalteceu o projeto, afirmou que ele tem grande relevância para o SUS, e reafirmou o que havia dito no início da reunião. “Esta experiência está alinhada com as nossas estratégias e discussões. Sem uma APS organizada, capaz de utilizar novas plataformas como o telessaúde, por exemplo, não seremos capazes de reduzir os 30% de mortes evitáveis e prematuras que temos relacionadas às doenças crônicas e a outros problemas de saúde”.
Por fim, Barbosa destacou ainda, uma das linhas de atuação da Opas que é ajudar os sistemas de saúde a transformarem esses projetos exitosos em políticas inseridas de forma sustentável nos sistemas. “Há muitas experiências em andamento e um dos papéis que temos é justamente o de promover este intercâmbio. Essa parceria, além de ajudar o Brasil, possibilitará que países com características semelhantes, possam também replicar a iniciativa em seus territórios”.
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