Gestores estaduais de saúde se reúnem para a última Assembleia do Conass de 2024

10ª Assembleia do Conass 2024

A última Assembleia do Conass em 2024 aconteceu nesta quarta-feira (18), em Brasília, com a presença dos secretários estaduais e de secretários do Ministério da Saúde. Entre as pautas, o Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), a transformação digital no Sistema Único de Saúde (SUS) e relações internacionais, com a presença da embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Perdesen.

Adriano Massuda, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde (SAES/MS) apresentou um panorama do PMAE e disse que implementá-lo é a prioridade do Governo Federal e da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Para isso, explicou que os estados são peças-chave no processo de expansão e reorganização da atenção especializada. “Esse programa é uma expansão aliada com o desenho de reorganização profunda da lógica do sistema de saúde e da lógica de modernização dos nossos serviços”, disse.

Segundo o secretário, 26 estados e o Distrito Federal já fizeram a adesão ao programa e experiências interessantes já podem ser observadas em alguns deles. “Temos uma oportunidade rica para trocarmos conhecimento e desde já agradeço aos estados que aderiram cem por cento a essa iniciativa. Recebemos 375 planos de ação regionais e esse é um resultado muito positivo”, destacou.

Para Massuda, é primordial a visita aos estados para a construção, de maneira irmanada e com troca de experiências entre as macrorregiões, de vitrines de serviços que demonstrem que o PMAE está funcionando.

Ele também chamou a atenção para a importância de articular todo esse processo com a transformação digital que, segundo ele, vai ajudar na integração, na acessibilidade da população aos serviços de saúde e na projeção de cenários. “Essa é uma dimensão que temos que construir para o Brasil liderar um processo onde a transformação digital seja fim e não meio, e para o cuidado integral em saúde em todos os ciclos da vida. Esse é o SUS que a gente quer”, disse Adriano.

Ao encontro do que disse o secretário da SAES, Fábio Bachheretti, presidente do Conass, enfatizou que boa parte das diretrizes e do cerne do programa já são executadas por diversos estados, porém de maneiras diferentes e que a ida aos estados é necessária para garantir que essa política relevante não seja um modelo exclusivo de forma de execução pelos estados. Fábio também enfatizou que a saúde digital deve complementar o PMAE. “Com isso faremos a maior transformação na forma de fazer saúde na sua integralidade”, observou.

Transformação Digital no SUS

Ana Estela Haddad fala sobre a transformação digital no SUS

Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde (Seidigi/MS), apresentou um panorama do Programa SUS Digital, que tem como objetivo promover a transformação digital para ampliar o acesso da população às suas ações e serviços, com vistas à integralidade e resolubilidade da atenção à saúde, e agradeceu ao Conass pela parceria na construção de todo o processo. “A colaboração de vocês foi indispensável para que cumprissemos a primeira e segunda etapas deste projeto”, afirmou.

A secretária falou que a Seidigi tem realizado ações estruturantes que são trabalhadas dentro dos três eixos que contemplam a cultura da saúde digital e a formação e educação permanente, a busca pela informação e soluções tecnológicas e a interoperabilidade, análise e disseminação de dados e informações de saúde.

Em sua apresentação, Ana Estela citou vários avanços que o SUS alcançou a partir do processo de transformação digital, como o Índice Nacional de Maturidade da Saúde Digital, os paineis de Vacinação do Calendário Nacional, disponíveis no portal do Ministério da Saúde, e falou sobre o retorno da ciência ao processo decisório com a reativação da Rede Interagencial de Informações para a Saúde, após 10 anos de inatividade, em articulação com a Organização Pan-Americana da Saúde, Conass e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). “Todas as ações que estamos fazendo são para fortalecer estados e municípios no desenvolvimento da transformação digital e também se articulam com os próprios preceitos da reforma sanitária e do SUS”, concluiu.

Para Fábio Baccheretti, a saúde pública brasileira precisava desse momento estruturante promovido por meio da saúde digital. “Quando o Ministério da Saúde coloca uma secretaria com esse olhar moderno e atual que esta equipe da Seidigi traz. Nos sentimos contemplados, pois vemos refletido no Governo Federal o que pretendemos fazer nos estados”, enfatizou. 

Fábio disse ainda que a transformação digital é uma nova forma de fazer integração no SUS que irá vencer um gargalo antigo para o sistema de saúde, aproximando os serviços das pessoas e dando a elas a oportunidade de ter diagnósticos precoces e tratamento em tempo oportuno.

Potencialidades de parcerias com os países nórdicos na área da saúde

Outro momento importante da reunião foi o encontro dos gestores com a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Pedersen que falou sobre possíveis parcerias na área da saúde entre os países.

Apesar da Dinamarca ser menor que o Brasil, correspondendo à dimensão territorial do estado do Rio de Janeiro, e apresentar cenários sociais, demográficos, econômicos e culturais muito diferentes, a embaixadora afirmou que ambos os países possuem desafios em comum e que existem possibilidades de parcerias entre eles. “Nosso sistema de saúde também é bastante abrangente e existe a divisão entre governo federal, regiões e municípios”, explicou, citando em seguida que o país tem, desde 2016, uma parceria com o Ministério da Saúde do Brasil, na área da saúde digital e com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no registro de medicamentos e dispositivos médicos.  

Eva Pederson, embaixadora da Dinamarca no Brasil, na Assembleia do Conass

Eva citou a saúde mental, especialmente de crianças e adolescentes, e a obesidade como um dos grandes desafios que a Dinamarca enfrenta atualmente e apresentou algumas ações que já estão sendo desenvolvidas no sentido de vencê-los, como o Plano Decenal em Saúde Mental e a criação, em 2020, do Centro Nacional de Obesidade. “Estamos à disposição para mostrar a vocês como estamos atuando nestas duas frentes e, claro, nas demais áreas que vocês julgarem pertinente”, enfatizou.

Os secretários citaram áreas que são passíveis de cooperação entre os países e nas quais a Dinamarca pode auxiliar os gestores brasileiros, como a excelência na gestão hospitalar, a intersetorialidade, a promoção e prevenção em saúde, a política de leitos e a concentração de densidade tecnológica na atenção primária.

“Esta é uma abertura para possíveis parcerias. A promoção e prevenção em saúde é uma delas”, pontuou Fábio Baccheretti, que afirmou ainda que este é um dos maiores desafios para o Brasil. “Se conseguirmos entender como a Dinamarca faz e como podemos fazer aqui, seria um grande avanço para o nosso sistema de saúde”, disse. 

Jurandi Frutuoso, secretário executivo do Conass, ponderou que é preciso considerar a realidade nacional para a incorporação de tecnologias e para o melhor aproveitamento das experiências que a Dinamarca pode oferecer ao Brasil. 

A embaixadora concluiu afirmando que os países possuem desafios semelhantes, porém em diferentes escalas e ratificou que a Dinamarca está à disposição para futuras parcerias com o Conass.

Mutirões de cirurgia 

Diretor da Anvisa, Daniel Meirelles, fala sobre os mutirões de cirurgias

Os mutirões de cirurgia que recentemente foram alvo de graves problemas de execução também foram pauta da reunião. Daniel Meirelles, diretor da Anvisa, falou sobre a importância destes serviços para a população, mas ponderou que é preciso se atentar às regras sanitárias previstas..

Daniel citou os principais problemas detectados nos últimos surtos de endoftalmites que aconteceram nos mutirões e que vão desde a não realização de antissepsia cirúrgica das mãos entre um paciente e outro, até o reuso de material de uso único. “É importante somarmos forças para interromper esse ciclo que só vem aumentando, tanto pela falta de informação, quanto pela falta de experiências para a realização desses procedimentos. Toda minha equipe está disponível aos estados que assim desejarem para levarmos segurança sanitária e um acesso de qualidade aos serviços”, concluiu.

Tânia Mara, vice-presidente do Conass e secretária estadual de Saúde do Ceará, alertou que a contratualização dos prestadores também deve ser observada nestes processos de fiscalização sanitária. 

Pauta da CIT

A última reunião do ano da Comissão Intergestores Tripartite, que acontece amanhã (19), também foi debatida na Assembleia. A assessoria técnica do Conass trouxe elementos das pactuações e discussões que serão alvo do debate com o Ministério da Saúde e com o Conasems, que abrangem a Rede de Imunobiológicos para Pessoas com Situações Especiais; o tempo de guarda dos documentos no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica; as regras procedimentais para o ressarcimento interfederativo relativo a valores financeiros despendidos decorrentes de ordens judiciais referentes a fornecimento de medicamentos, e a instituição da Rede de Atenção à Saúde Bucal na Política Nacional de Saúde Bucal.

Acesse aqui as fotos da reunião.

Assessoria de Comunicação do Conass

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