Brasileiros ainda deixam de se vacinar por medo e desinformação, revela pesquisa desenvolvida pelo CNMP  

O medo e a desinformação impactam a percepção da população brasileira quanto à segurança e eficácia das vacinas. Pelo menos 1 a cada 5 brasileiros afirma já ter sentido medo de se vacinar ou desistiu de tomar a vacina após ler uma notícia negativa em plataformas digitais. Isso é o que revela o “Estudo sobre Consciência Vacinal no Brasil”, realizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público em conjunto com a Universidade Santo Amaro (Unisa). O estudo foi lançado na quarta-feira, 5 de junho, no Auditório do CNMP, em solenidade transmitida pelo canal da Instituição no YouTube.      

A publicação é fruto do termo de adesão ao Pacto Nacional pela Consciência Vacinal e foi desenvolvida junto ao Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). A pesquisa consiste em um abrangente estudo sobre a consciência vacinal no Brasil, buscando identificar percepções, desafios e oportunidades para o aumento da adesão às vacinas do Plano Nacional de Imunizações (PNI).  O questionário foi aplicado entre os dias 29 de janeiro e 19 de fevereiro de 2024. Três mil pessoas foram entrevistadas em todas as regiões do país.    

“Estamos compartilhando dados valiosos, como o índice de confiança da população na eficácia e segurança das vacinas em geral, a evolução dos hábitos de vacinação pós-covid, entre outros, que servirão de norte para direcionamento de políticas públicas e institucionais do MP, visando ao incremento desse meio de promover e proteger a saúde”, afirmou o presidente do CNMP, Paulo Gonet.    

Coube ao presidente do Conselho do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipespe), José Antônio Lavareda Filho, explicar como a pesquisa foi produzida. “É um estudo quantitativo para levantamento de informações para subsidiar o planejamento de estratégias de comunicação dentro do Pacto Nacional pela Consciência Vacinal, que foi iniciativa da Comissão de Saúde do CNMP e com o apoio da Unisa”, disse.    

O presidente da Comissão de Saúde do CNMP, conselheiro Jayme de Oliveira, apresentou os principais resultados da pesquisa e ressaltou que os dados mais detalhados foram disponibilizados no portal do CNMP e da Unisa. De acordo com ele, por meio dos dados é possível observar onde há necessidade de um trabalho maior quanto à consciência vacinal. Ele citou como exemplo resistências identificadas em pessoas entrevistadas com nível fundamental de escolaridade e àquelas ligadas a igrejas. “Há espaço para que possamos trabalhar com esses líderes religiosos para avançar no que for possível avançar”, disse o conselheiro.    

Ao revelar os dados da pesquisa, Jayme chamou atenção para o fato de a maioria das pessoas ter demonstrado confiança nas vacinas, 72% dos entrevistados, mas destacou que os menores percentuais de confiança estão na escolaridade até o ensino fundamental (67%) e naqueles que têm renda de até dois salários-mínimos (65%). No recorte regional, os menores índices estão na Região Centro-Oeste (65%) e no recorte religioso, nos evangélicos (61%).    

“Um estudo completo do texto poderá nos dar muitos elementos importantes para trabalhar junto à comunidade e eu sei que nós temos muita gente, aqui, da área da saúde que saberá aproveitar esses dados”, ponderou Jayme.     

O conselheiro destacou também que a pesquisa traz um dado concreto que pode ser utilizado no debate sobre a inclusão da vacina contra a Covid-19 no calendário nacional de vacinação, pois 74% das pessoas entrevistadas aprovam essa inclusão. “Então temos um dado concreto que pode ser usado no debate sobre o tema”, disse. Ainda de acordo com ele, o estudo mostrou que a percepção social sobre as vacinas é igual aos índices oficiais do governo.    

O presidente da Comissão de Saúde do CNMP também revelou que as pessoas são favoráveis a regulação legal das redes sociais e do WhatsApp quanto à propagação de fake news com possibilidade de punição. “As pessoas reconhecem a importância, sabem que já foram prejudicadas e entendem que é preciso regular as redes sociais, que é um tema que fervilha no Congresso e acho que isso ajuda no debate”, disse.    

Participaram também do evento a presidente do Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde (Fonajus) e conselheira do Conselho Nacional de Justiça, Daiane de Lira, representando o presidente do CNJ, Luís Roberto Barroso; o chanceler da Universidade Santo Amaro, Victor Veronezi;  o ministro do Superior Tribunal de Justiça Paulo Dias Moura, representando a presidente do STJ, ministra Maria Thereza Moura e as assessoras técnicas do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Rita Cataneli e Maria José Evangelita.    

Ainda estiveram presentes conselheiros e membros auxiliares do CNMP, promotores e procuradores-gerais de Justiça, conselheiros do CNJ, pesquisadores, professores, representantes de associações, do Unicef, da Agência Nacional de Saúde, advogados, deputados, dentre outras autoridades.    

Resultados      

O levantamento trouxe respostas sobre o entendimento dos entrevistados em relação à segurança e eficácia das vacinas, além de posicionamento quanto aos benefícios, riscos, medos e dificuldades relativos aos imunizantes. Parte dos dados abrange, ainda, o cenário de confiança pós-pandemia Covid-19, como também os aspectos relacionados aos meios de informação e ao combate às fake news sobre o tema.     

A pesquisa revela que 72% dos entrevistados confiam ou confiam muito nas vacinas e 90% acham os imunizantes importantes ou muito importantes para a saúde pessoal, da família e da comunidade. Embora predomine a confiança quanto à segurança, eficácia e benefício das vacinas, os brasileiros ainda têm receio: 21% avaliam como alto o risco de reações das vacinas e 27% afirmam já ter sentido medo de se vacinar ou de levar uma criança ou adolescente para se vacinar. Dos 27% que alegaram ter medo, 66% disseram ter receio de reações ou efeitos colaterais graves.    

Entre as pessoas que se informam sobre saúde e vacinação por meio de redes sociais e whatsapp, uma a cada cinco já decidiram não tomar a vacina ou levar uma criança para se vacinar após ler uma notícia negativa nessas plataformas.    

Outro dado interessante mostra que 85% dos participantes consideram que conhecem bem o calendário vacinal do Ministério da Saúde.      

Em relação à segurança e eficácia das vacinas, 51% dos participantes acham as vacinas muito seguras para a saúde das pessoas e das comunidades e 58% acham as vacinas muito eficazes na prevenção de doenças.      

Quanto aos benefícios e riscos, 64% dos respondentes consideram alto o nível de benefício das vacinas e 43% consideram médio o risco de reações das vacinas.      

Além disso, 74% dos pesquisados acham que pais ou responsáveis devem ser obrigados a levarem seus filhos para vacinar de acordo com o calendário vacinal básico do Ministério da Saúde.      

Quando o assunto é o impacto da pandemia Covid-19, 39% dos participantes afirmaram que a confiança na ciência, nos cientistas e nas vacinas aumentou depois da pandemia.  Já 53% passaram a se vacinar mais e a levar mais seus filhos para se vacinar após a doença.       

Quanto à percepção sobre a frequência de vacinação dos brasileiros nos últimos dez anos, 50% dos pesquisados acreditam que passaram a ser vacinar mais e levar mais os filhos pra se vacinar.      

O estudo revela ainda que televisão, médico, sites, blogs, portais da internet, agente de saúde ou outros profissionais das UBSs são as fontes mais confiáveis para notícias ou informações sobre vacinas e assuntos de saúde.     

Do público que se informa sobre vacinas e saúde pelas redes sociais e whatsapp,  64% dos respondentes confiam ou confiam muito nas informações que recebem, porém 77% já identificaram notícias falsas (fake news) nessas plataformas e são favoráveis à regulação legal com possibilidade de punição.      

No quesito vacinas e doenças erradicadas, 81% dos respondentes disseram que as pessoas devem continuar tomando vacinas contra doenças que já desapareceram, se não essas doenças podem reaparecer.     

 Os pesquisados apontaram também que as principais dificuldades encontradas para tomar ou levar os filhos pra tomar vacina são a indisponibilidade da imunização ou o longo tempo de espera.    

Pacto Nacional pela Consciência Vacinal   
  
A Unisa aderiu ao Pacto Nacional pela Consciência Vacinal em agosto de 2023. Lançado em 30 de novembro de 2022, o Pacto tem como objetivo incentivar uma atuação coordenada e nacional entre o Ministério Público brasileiro, órgãos e entidades envolvidos com a saúde pública. A iniciativa surgiu da preocupação da Comissão da Saúde do CNMP com os baixos índices da cobertura vacinal no Brasil nos últimos anos.  
  
O principal foco é a retomada de índices seguros e homogêneos de cobertura vacinal, em todo o território nacional, por meio da conscientização da população sobre a importância da vacinação, prevista no Programa Nacional de Imunização (PNI). Desde que foi lançada, mais de 170 instituições, públicas e privadas, além de governos de 18 estados brasileiros já aderiram à iniciativa.    

Acesse o hotsite do Pacto Nacional.      

Leia aqui a íntegra da pesquisa.     

Assista aqui à íntegra do evento.   

Confira aqui as fotos.  

Foto: Leonardo Prado (Secom/CNMP).

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