Avanços e desafios da inteligência digital no SUS são destaques na abertura de encontro nacional realizado pela Saúde RJ

O Centro de Inteligência em Saúde (CIS) do Governo do Estado do Rio de Janeiro – com seu processo de implantação, recursos tecnológicos utilizados – está no centro dos debates do II Encontro da Rede Estadual do Centro de Inteligência Estratégica para a Gestão do SUS (Cieges), que reúne no Rio de Janeiro, nesta terça e quarta (31/10 e 1º/11), autoridades, pesquisadores e técnicos de 15 estados brasileiros para debater os avanços e desafios do uso da inteligência digital no SUS. O evento é organizado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), com apoio do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), e vai apresentar e promover a troca de experiências de sucesso entre os 21 estados que compõem a rede.

 

“Estamos apresentando a interlocução construída entre vários setores do CIS-RJ, que conta com a regulação, a rede assistencial e a vigilância epidemiológica, atuando num mesmo espaço e consumindo da mesma informação. A ideia é que o conhecimento adquirido e experimentado aqui seja transversal e compartilhado aos demais”, detalhou a secretária Cláudia Mello, presente na mesa de abertura do encontro nacional.
O médico e professor da Fundação Getúlio Vargas Adriano Massuda fez a palestra de abertura, intitulada “Qualificação da Gestão do SUS: oportunidades e desafios”, em que destacou o papel estratégico das gestões estaduais a partir da pandemia de Covid-19.
“Os estados assumiram um papel extremamente importante na pandemia da Covid-19 na gestão do sistema. É preciso aproveitar essa experiência, que foi a resposta na pandemia para melhorar processos digitais e de gestão, para fortalecer o sistema de saúde com intuito de ter mais eficiência, capacidade resolutiva e menor desigualdade no acesso da população. Tudo isso é um desafio das secretarias estaduais”, afirmou Massuda.
O especialista também destacou a metodologia e os novos parâmetros trazidos pelo Centro de Inteligência. “As informações alimentam a gestão. Esse trabalho deve ser apresentado ao país e apontam um caminho do que se espera de uma Secretaria Estadual de Saúde. Acho que esse evento tem essa oportunidade de debater conceitos, práticas e experiências concretas que estão sendo realizadas. O dado não pode ser apenas diagnóstico. Deve alimentar um jeito de funcionar o SUS para que os serviços estejam devidamente preparados. O papel da inteligência e da gestão é olhar para o conjunto”, avaliou.
Telessaúde é grande desafio
O secretário de Saúde do Espírito Santo e vice-presidente do Conass, Miguel Paulo Duarte Neto, no entanto, afirmou que a telessaúde surge como um grande desafio para os gestores.
“Parece tão simples, mas é muito complexa. O georreferenciamento também será tema das discussões. Se o SUS é universal, disponibilizado por mobile, como eu posso controlar o georreferenciamento? Se o paciente georreferenciado no Espírito Santo, sendo residente do Rio de Janeiro, necessitar de um procedimento cirúrgico que foi indicado por uma consulta online, como consigo financiar essa operação? Esse é um tema a ser discutido”, refletiu.
Leonardo Ferreira, subsecretário executivo da SES-RJ, pontuou que, apesar da transformação digital ser desafiadora, eventos como este reforçam o avanço conquistado nos últimos anos e do compromisso da auto-governança na agenda.
“Acho que nosso avanço está, de forma simplificada, baseado em alguns pilares. Entre eles, o investimento em infraestrutura, a contratação ou manutenção de uma equipe qualificada em tecnologia da informação, o engajamento dos setores dentro da própria estrutura da secretaria e o tratamento do dado como um todo, ou seja, a forma como a informação chega à ponta”, analisou.
Também participaram da mesa de abertura o consultor do programa de Emergência em Saúde da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), Miguel Ramalho, que destacou o papel dos sistemas de informação na atuação dos CIEVS, e Mauro Farias, secretário de Estado de Transformação Digital.
“A transformação digital hoje no RJ é elogiada Brasil afora porque entendemos que o protagonismo do processo é a área de negócios. O estado avançou muito com essa sinergia. É importante que as equipes trabalhem de forma integrada. Estou feliz que o estado do Espírito Santo tenha replicado nosso exemplo do CIS, isso mostra que estamos caminhando juntos, com muita humildade”, disse Farias.
Experiência da SES
Durante a tarde, se apresentaram o presidente do Proderj, Flavio Rodrigues; a vice-presidente do Proderj, Sâmya Massari; a coordenadora de Telessaúde da UERJ, Alexandra Monteiro; e o controlador Geral do Estado, Demétrio Farah Neto.
A superintendente de Regulação Estadual da SES-RJ, Kitty Crawford , explicou como funciona o Complexo Estadual de Regulação, que está dentro do Centro de Inteligência (CIS), junto com o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) e o transporte inter-hospitalar. Ela explicou que com a mudança de prédio (antes, o CER funcionava num espaço bem menor na Praça Onze e atualmente está na sede da Secretaria) foi possível ampliar a capacidade de atendimento. Kitty disse que comemoraram recentemente conquistas importantes ligadas à fila da regulação. E que sempre que uma fila é zerada, a equipe toca um sino que na sala do CIS.
“A gente se envolve com cada caso. Comemoramos cada vitória. Somos pessoas trabalhando para pessoas”, disse.
Para fechar as apresentações do primeiro dia, a superintendente de Informação Estratégica em Vigilância e Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), Luciane Velasque, explicou como funciona o CIS, toda a integração que há entre as áreas técnicas para o fornecimento de dados e como as informações processadas são importantes para tomadas de decisões; para a utilização de recurso público; para transparência; e para melhorar o acesso do usuário ao serviço de saúde.
Georreferenciamento será abordado na quarta
No segundo dia, representantes dos estados da Bahia, Minas Gerais e Paraná abordarão o georreferenciamento no SUS. Os técnicos desses estados trarão experiências exitosas de seus Centros de Inteligência como pauta.
Fonte: SES/RJ