O Brasil, hoje, atingiu uma triste marca: a de 600 mil vidas perdidas para a COVID-19.
Há um ano e meio temos enfrentado, sem tréguas ou descanso, essa pandemia que, além de enlutar tantas famílias, impõe, ainda, o fardo de suas diferentes sequelas em muitos dos que a ela sobreviveram.
O Sistema Único de Saúde, ao longo desse tempo, desdobrou-se num esforço gigantesco para minimizar os danos à saúde, para oferecer serviços necessários ao atendimento ambulatorial e hospitalar, conjugando recursos materiais e humanos; congregando conhecimentos e técnica e, também, enfrentado o negacionismo perverso, as fakes news e outros desserviços à nação.
O momento em que vivemos ainda é de muita dor, mas já permite, também, ter um fio de esperança. Os números de casos e de óbitos estabilizam-se numa tendência de queda; as terapias intensivas esvaziam-se; medicamentos, antes em falta, começam a ter seus estoques regularizados; cirurgias eletivas e outros procedimentos são gradualmente retomados; a vacinação avança de modo consistente e a atividade econômica retoma pouco a pouco o seu ritmo. Todavia, não podemos nos iludir. A pandemia não terminou e as medidas de prevenção continuam a ser essenciais se quisermos vencê-la.
Temos alertado que, mais que nunca, é hora de reforçar a cooperação solidária e colegiada entre Ministério da Saúde, gestores estaduais e municipais do SUS e a sociedade. A História cobrará de todos nós a atuação que a nação brasileira espera que tenhamos, a fim de que sejam devolvidas às pessoas a normalidade sanitária e a situação de tranquilidade de que todos necessitamos.
Para tanto, além do trabalho desenvolvido diuturnamente, é necessário que se faça um debate adequado sobre o orçamento da saúde para 2022. Estão previstos para o enfrentamento da pandemia no ano vindouro apenas 15% dos recursos federais que foram autorizados em 2021. Ora, a vacinação terá continuidade no ano que vem; consultas, exames, procedimentos e cirurgias não realizadas em razão da pandemia terão que ser oferecidas à população em 2022, além daquelas que normalmente deverão acontecer; a necessidade de investimentos, numa sociedade que envelhece e que vê crescer proporcionalmente as doenças crônicas, não pode ser ignorada.
Progredir nas políticas públicas de saúde não será possível com menos recursos para a saúde e sem a indispensável união entre todos. Nosso compromisso é o de empregar o melhor de nossos esforços para que a garantia constitucional da saúde para os brasileiros e brasileiras seja um fato concreto e ao alcance de todos, em todos os rincões de nosso país.
Hoje, estamos de luto pelas 600 mil vidas que se foram e nos solidarizamos com milhares de brasileiros que perderam seus entes queridos. Por eles e por todos nós, continuaremos na luta que permita garantir os recursos necessários ao funcionamento pleno SUS, com um atendimento cada vez melhor para toda a população.
Carlos Lula
Presidente do Conass
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